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sábado, 27 de março de 2021

BOB, o palhaço - um artista de r

Por: José Luiz de Carvalho.

Estou finalizando, para publicação ainda este ano, um livro denominado “Hilários – Contos e Causos” que reúne várias estórias engraçadas as quais venho escrevendo ao longo de várias décadas e nesse trabalho resolvi fazer uma homenagem ao palhaço Bob, um artista que eu conheço há mais de 30 anos. Ele morava em uma pequena favela, o “Inferninho” onde haviam várias construções abandonadas, localizada entre a Avenida São Sebastião e o Mercado de Fátima, naquela época, aparentemente ele tinha já uns 50 anos. Sempre gentil, atencioso e principalmente muito falante. Todas as vezes que nos encontrávamos, contava um pouco da sua história.

Mesmo sem ter muito tempo para conversar, pois como sempre ando muito apressado, cuidando das muitas coisas que gosto de me envolver. Além dos mais, eu tinha acabado de assumir a chefia do Grupamento da TASA no aeroporto de Parnaíba. Em 1986, aquele aeroporto apresentava pouco movimento de aeronaves e não tinha uma equipe completa de profissionais especializados. Muitas vezes eu tinha que trabalhar no expediente e depois concorrer na escala de serviço, operando a estação aeronáutica.

Mesmo assim, nas minhas poucas folgas estive muitas vezes ali na praça da Graça ouvindo-o, contar suas piadas ou mesmo cantar, imitando cantores conhecidos, principalmente: Valdick Soriano, Caubir Peixoto e Nelson Gonçalves, dentre outros. Bom que se diga, sempre teve uma bela voz e interpretava muito bem.

Bob dizia que era oriundo da Paraíba, nascido na cidade de Catolé do Rocha de onde muito jovem foi embora para São Paulo, tentar arranjar algum emprego, e acabou morando pelas ruas e trabalhando de cara pintada e vestido de palhaço. Também se tornou cantor, se apresentando nas freiras e praças. Afirmava que já tinha participado de importantes programas na Rádio Piratininga.  Nos anos 50, costumava abrir os shows dos cantores Agostinho dos Santos e de Nelson Gonçalves e que participou de programas com Silvio Santos, na época, o “Peru que Fala”, na Rádio Nacional.  Também garantia que tinha se apresentado nos programas do Silvio Santos, Hebe Camargo, Raul Gil e também no canal 5 da TV Globo em São Paulo, da qual fez a propaganda e participou de sua inauguração no ano de 1960.   Ele relembrava o seu sucesso com orgulho, falava das suas apresentações em espetáculos de grandes circos nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, nessas capitais e também nas cidades interioranas.   Ele me contou que decidiu retornar para o Nordeste, na caravana do cantor Mauricio Reis, que era também paraibano. 

Na verdade, nada se pode garantir sobre a veracidade ou não de suas histórias. Valdemar Costa, é esse o seu nome de batismo, porém ele prefere ser chamado pelo nome do seu personagem, o Palhaço Bob.  Longe dos holofotes e dos picadeiros, imaginários ou não! Ele viveu as últimas décadas aqui em Parnaíba, na região central da cidade, interpretando o palhaço e cantor que sempre foi.

Hoje, o idoso cidadão, Valdemar vive no abrigo São José, no bairro de Fátima, ainda alegrando com a sua arte aos seus pares; pessoas muitas vezes sem parentes e nem aderentes, ali recolhidos e protegidos pelo Estado do Piaui.

“No dia do Circo, apresento a minha singela homenagem a este grande artista, o Bob”.

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