Com leitos ocupados, Hospital
Regional de Campo Maior não consegue mais atender pacientes.
Dois pacientes
morreram dentro de ambulâncias, na noite dessa terça-feira (23), por falta de
vagas no Hospital Regional de Campo Maior, cidade a 75 km de Teresina. De
acordo com o prefeito Joãozinho Félix (MDB), o hospital não consegue mais
receber pacientes por estar 100% ocupado. As pessoas morreram dentro dos
veículos na porta da unidade de saúde.
Segundo o gestor, o
hospital não tem leitos de UTI, não conseguindo atender pacientes em situação
grave. Além disso, a unidade de saúde atende a cidade e moradores de outros 22
municípios da região. Somente em Campo Maior, são 50 mil pessoas.
"As pessoas
estão morrendo e não temos como atender. O Samu é acionado e ele não tem como
fazer o atendimento, porque não se pode tirar uma pessoa que está sendo
atendida na ambulância, para dar lugar a outra. Tem pessoas que são atendidas
nas ambulâncias, do lado de fora do hospital", lamentou o prefeito.
Ele disse que,
normalmente, Teresina e Piripiri recebem os pacientes de Campo Maior, quando há
necessidade, mas a alta de casos de Covid-19 tem afetado o sistema de saúde de
todo o estado do Piauí, com lotação dos leitos clínicos e de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) em todas as unidades de saúde.
Necessidade de leitos
de UTI
O prefeito disse que
está "desesperado" e pediu ajuda do Governo do Piauí, responsável
pela gestão do hospital. Segundo ele, a cidade precisa de leitos de UTI, mas a
unidade tem apenas leitos clínicos.
“Eu estou
desesperado, porque eu não sei mais o que fazer, eu preciso da ajuda do
governo. O município está sem qualquer estrutura para atender esses casos.
Temos uma maternidade que poderia atender, mas não tivemos resposta do governo
sobre um convênio para isso dar certo”, afirmou.
Campo Maior já
registrou 86 óbitos pela doença e tem mais de 4.042 casos confirmados. “Aqui os
casos só aumentam, mesmo com as medidas restritivas que foram tomadas. Temos um
Centro de Covid, que atua em três turnos, e a testagem lá, cerca de 70% dá
positiva, então é muito preocupante”, disse o prefeito.
Medidas restritivas
O gestor disse,
contudo, que não é a favor do fechamento do comércio, afirmando que a economia
está sofrendo os efeitos da pandemia e os empresários se sentem prejudicados.
Contudo, pesquisas indicam que o isolamento social tem efeitos importantes no
controle da doença.
Diante da situação, o
Governo do Piauí decidiu prorrogar por uma semana em todo o estado as medidas
restritivas impostas com objetivo para conter o avanço da contaminação do
coronavírus, após ser registrado um aumento de casos de Covid-19 e ocupação de
leitos de UTI em mais de 90%. A decisão foi anunciada no último sábado (21),
além da decisão de antecipar um feriado para a próxima sexta-feira (26).
*Mantido o toque de
recolher de 21h às 5h, até o dia 28 de março
*O comércio poderá
funcionar até às 17h; Shoppings centers poderão funcionar de 12h às 20h;
*Suspensas as
atividades que envolvam aglomeração, como atividades esportivas e sociais
*bares, restaurantes,
depósitos de bebidas e similares só poderão funcionar até às 20h
*Administração
Pública funcionará preferencialmente por teletrabalho, com contingente máximo
de 30% de servidores em atividade presencial
No dia 15 de março o
governador Wellington Dias (PT) deu início a implementação das medidas
restritivas, que deveriam se encerrar o dia 21 de março, mas com a continuidade
do aumento dos casos, as medidas foram prorrogadas até às 24h do domingo, dia
28 de março.
Piauí registra
recorde de casos
O Piauí registrou
1.651 casos e 19 óbitos por Covid-19 em 24 horas, segundo o boletim
epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), na noite
de terça-feira (23). De acordo com o órgão, foi o maior número de casos
confirmados em um dia desde o início da pandemia.
Os casos confirmados
no estado somam 196.010, distribuídos em todos os municípios piauienses. Já os
óbitos pelo novo coronavírus chegam a 3.870 e foram registrados em 217
municípios.
Fonte: G1 Piauí