O Piaguí traz neste mês de agosto, o
escritor, jornalista e presidente da Academia Parnaibana de Letras José Luiz de
Carvalho, que neste ano completa 40 anos da sua estreia como escritor e nos
fala um pouco de sua história e projetos que vem sendo desenvolvidos na APAL:
A origem
Eu nasci na Fazenda São
Benedito, Vale do Rio Pirangi, em Buriti dos Lopes, no ano de 1956, dia 11 de
dezembro. Último filho do casal Aderson e Francisca de Carvalho.
A
vinda para Parnaíba
No
inicio da década de 60, ainda muito pequeno, viemos para Parnaíba. O objetivo
do meu pai era formar os filhos. Meus irmãos mais velhos já moravam aqui, na
casa de uma irmã casada, a Alzenira, na região central da cidade. Aqui em
Parnaíba moramos no bairro São José e depois no Nova Parnaíba.
Os
primeiros estudos
Aos nove anos de idade, fui
matriculado na escola particular da dona Conceição, na vila localizada na
Avenida Álvaro Mendes. Depois minha educação foi toda na escola pública. Lembro
bem da escolinha São José de Circulo Proletário, próximo à Igreja do mesmo nome
e o do Clóvis Salgado do Circulo Operário. Depois fiz o exame de admissão no
antigo ginásio parnaibano e no ano seguinte, 1970, iniciei no colégio Estadual
“Lima Rebelo”.
O
inicio como escritor
Ainda muito pequeno, talvez
com uns 12 ou 13 anos, tive meu primeiro contato com as letras, escrevendo o
meu primeiro poema, fui correndo apresentar para professora Iraneide Souza, ela
lecionava a matéria Língua Portuguesa! O pai dela era proprietário do Cine Foto
Rex, que ficava na Rua Riachuelo. Ela disse que gostou muito do poema, com
certeza era só um incentivo. Coisa de educador.
Contato
com outros escritores
Em 1978, eu já havia
concluído o Curso Científico, ensino médio, depois fui aluno no curso Cobrão,
no preparatório para o vestibular. Lá conheci o dinâmico e ainda jovem
professor Alcenor Candeira Filho, de língua portuguesa e de literatura.
Alcenor, professor e poeta, costumava declamar vários poemas, enquanto
ministrava aulas de língua portuguesa. Um deles me impressionou: A moenda,
de Da Costa e Silva. Em 1979, já na universidade, fazendo Administração de
Empresas, encontrei outros poetas: Elmar Carvalho, Paulo Couto, Ribamar
Ferreira e Adrião Neto. Esse último virou meu parceiro. Daí para frente, começamos
a publicar algumas coisas juntos.
As
primeiras publicações
Em 1979, eles
organizaram uma antologia poética denominada “Poesia do Campus”, com apoio da
Universidade. Um livro bem simples, utilizando o mimeógrafo. Mas para nós foi
tudo de bom! A oportunidade de escrever o primeiro livro ou pelo menos
participar de um livro coletivo. E Assim quase sem querer, iniciei essa
trajetória de escritor. Todos que participaram naquela época produzem até hoje.
Nunca mais tive notícias do Ribamar Ferreira que há mais de 30 anos, lançou um
livro de poemas “Caparosas”. Em 1980, eu e Adrião publicanos em parceria o
livro “Poemas Alternados”, livrinho: simples e pequeno, mas já impresso em
gráfica (tipográfica) no caso, a do Sr. Luiz Brandão, localizada na Rua Grande,
centro da Parnaíba. O desenho da capa foi do Flamarion Mesquita, impressa já em
serigrafia. Olha lá, no próximo faz 40 anos. Tivemos o apoio do prefeito de
Buriti dos Lopes, Antônio Tavares. Na ocasião, escrevemos uns tópicos sobre a
história daquela cidade. Talvez tenha sido o primeiro registro em um livro da
história de lá, mas não tenho certeza.
O
inicio da atuação em jornais
Segui publicando um poema
aqui, outra acolá, contando com apoio do meu amigo Rubem Freitas, que era
jornalista e editor de alguns jornais em Parnaíba, principalmente do Folha do
Litoral. Depois fui representante de jornais de Campo Maior e de Teresina,
entre eles, “O Dia” e do “Diário do Povo”. Em Buriti dos Lopes, o Rubem
Freitas, eu e uns jovens jornalistas, fundamos o jornal “O Buriti”, o primeiro
daquela cidade. Sozinho fundei também o outro jornal “O Folha do Buriti”, esse
já no formato de jornal profissional impresso em gráfica offset, com firma
registrada, tudo certinho. Em Parnaíba, Numa parceria com o jovem Jornalista F.
Carvalho fundei o jornal “Correio do Povo”, em seguida com apoio do jornalista
Pádua Marques, fundei o Jornal “Correio do Norte”, hoje jornal impresso,
digital e portal.
Cultura
e Política
Em 1988, o Cândido Val, meu
sobrinho, sempre muito apaixonado por política partidária me levou para um
comício do candidato a prefeito de Buriti dos Lopes, Narciso Castro, num
povoado na zona rural, acabei me envolvendo com outros jovens de lá. Quando ele
foi eleito, com apoio desses jovens, fui indicado para chefiar o Departamento
de Cultura. Na verdade, não tinha uma estrutura organizacional, mas nós fizemos
um bom trabalho. O doutor Narciso queria fazer uma boa gestão! Criamos a Casa
da Cultura, fundamos a Fundação Rural “Aderson Carvalho”, que depois veio a se
tornar a “Radio Buriti- FM”, no ano de 2014. Narciso sonhava com a criação da
primeira rádio da cidade que seria rádio “Lagoa do Buriti”. Na cultura daquela
cidade, criamos a “Semana Cultural” com atividades esportivas e culturais,
inclusive com competições de maratona. O maratonismo em Buriti naquela época
era forte muito forte pelo surgimento de um atleta, chamado Alcione Bion. O
Cantor Neto Soares de tinha acabado de chegar do Vaticano, ele participava de
conservatório musical de Fortaleza (CE), demos o maior apoio para ele,
reativamos a banda de música municipal, criamos a Casa da Cultura, reativamos a
biblioteca pública e fortalecemos o folclore, notadamente, o bumba-meu-boi e as
quadrilhas juninas.
No governo do prefeito,
João da Cruz, fui chamado novamente, desta vez para o Departamento de Comunicação.
Não demorei muito na gestão do João da Cruz, talvez o mesmo tempo que passei na
gestão do prefeito Narciso Castro, pouco mais de 100 dias.
No ano 2000, resolvi
organizar em um livro, com os poetas de Buriti dos Lopes, onde fizemos o livro:
“Coletânea de Poetas Buritienses Contemporâneos”. A ideia era congregar os poetas da cidade,
eram oito, bons escritores, mas ninguém tinha publicado nada. Foi o primeiro
livro deles.
Depois sozinho, sem me
associar a um grupo politico, apenas contando com a minha coragem e
independência, coisa que não abro mão, nunca mesmo! Andei participando da política, como
candidato a vereador, ainda tentei duas vezes. Porém, trabalhando em Parnaíba. Não ficou fácil
fazer política em Buriti, pois além de ser professor em várias escolas em
Parnaíba, eu era funcionário e depois gerente do Aeroporto de Parnaíba, escolhi
outro caminho. Tive a honra de fazer, já na função de superintendente da
Infraero, a internacionalização daquele aeródromo e receber os primeiros voos
de Verona (Itália) para Parnaíba, realizado entre os anos 2006 e 2007.
Obras
lançadas
Sem dinheiro para imprimir
livros, fui escrevendo e guardando as minhas coisas, principalmente no período
de 2000 a 2011, com vários livros prontos tomei coragem e fui atrás de patrocínio
e lancei o primeiro livro individual ”Buriti Açu - o espírito do brejo”, que
foi patrocinado pela empresa Ômega, usina eólica, localizada no povoado Pedra
do Sal, nesse livro inclui um conto sobre a lenda do Morro Gemedor, que era de
domínio público, porém dei vida e nomes aos seus protagonistas e criei outros
personagens. Além desse da lenda, coloquei mais noves contos regionais nesse
livro. Acabei descobrindo que sou mais contista do que poeta. Fico fascinado
com os contos e causos escritos pelo Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, na
minha opinião, ele é o maior contista vivo da nossa região, também sou fã dos
contistas, Pádua Marques e do Gallas Pimentel, esses são dois gigantes também e
estão fazendo um trabalho espetacular na produção da literatura regional, com
seus contos e romances da mais alta qualidade.
No ano seguinte, publiquei
por conta própria e com apoio dos amigos, vendendo livros antecipados, mais um
livro solo de poemas, “Cânticos Líricos – Natureza”. Estão prontos, faltando só
recursos para a impressão, os livros: “Paixões e Devaneios” de poemas e um de
contos, “Hilários – Contos e Causos”. Ao longo dessas décadas participei de
várias obras coletivas, dentre elas, algumas edições do “Almanaque da
Parnaíba”, a coletânea poética “Andarilhos da Palavra”, em 1990, a “Coletânea
de Escritores Brasileiros Contemporâneos em Prosa e Versos, em 1999, organizada
pelo Adrião Neto e no ano passado do livro “Piauí em Letras – Coletânea”,
também sob a organização do Adrião”.
A
entrada na Academia
Nessa caminhada de 1978,
para cá participei vários movimentos e culturais em Parnaíba e nessa grande
região. Fui aluno da professora Maria da Penha, no Colégio Estadual “Lima
Rebelo”, quando eu era menino, muitos anos depois eu ia passando na frente da casa
dela, ela estava com o escritor e jornalista o Caio Passos, eles me convidaram
para concorrer para a Academia Parnaibana de Letras, porém não tive coragem,
aleguei que era muito jovem e não estava preparado. No inicio do ano de 2002, o jornalista e escritor,
Rubem Freitas me convidou, aceitei com a condição de não pedir votos aos
acadêmicos, era pura timidez. O Rubem tomou conta de tudo e fez a campanha e me
elegeu, foi uma bela disputa, com as escritoras Lozinha Bezerra, Elita Araújo e
Rosenilda Silva. Depois Lozinha e a Elita também foram eleitas para a APAL.
Minha posse foi em 2002, o auditório da Associação Comercial de Parnaíba estava
completamente lotado, foi uma grande festa. Daí para frente fui participando
das gestões da academia, sempre como segundo secretário ou apenas apoiando
alguém no comando daquela augusta casa. Em 2017, me colocaram no comando da
APAL, estou nessa missão, agora me reelegeram, devo ficar como presidente até
2021.
O projeto: Academia Viva!
Na
academia, como presidente, a minhas ideias que, foram aceitas pela diretoria e
pela maioria dos membros, consistem na aproximação à academia com comunidade,
fazendo um trabalho de revitalização dela como um todo, tanto da sua parte
estrutural como na parte de ações institucional, mas foi preciso unir todo
mundo e foi o que fizemos, hoje nossa academia fala uma mesma linguagem.
Estamos trabalhando em equipe, desenvolvendo um projeto o “Academia Viva”, como
falei anteriormente, com uma participação intensiva nas atividades
socioculturais de Parnaíba e da região Norte. principalmente as atividades
literárias. Envolvendo novos escritores
envolvendo e também os mais antigos escritores que ainda não estejam
congregados na nossa academia. Estamos nos aproximando da população da
periferia da cidade, indo nas escolas públicas realizando palestras,
incentivando que nas bibliotecas, existam áreas específicas para a literatura
da Parnaíba, o objetivo deste trabalho é fazer com que os parnaibanos conhecem
sua própria literatura, que é muito rica aqui nós temos em Parnaíba dentro da
academia e fora dela, excelentes escritores, muita gente produzindo coisas
boas, incluindo os mais jovens. Existem aqui em Parnaíba, movimentos literários
fortes, lideradas pelos jornais o jornal “O Bem Bem” e o “O Piaguí”. São órgãos da vanguarda e da resistência
cultural, ambos contam com o apoio do SESC-Caixeiral.
Junto aos jovens, se faz
destacada a liderança do escritor e historiador Claucio Ciarlini, editor do
Piagui, jornal histórico e literário, congregando novos jornalistas e
escritores. Já publicaram duas edições do livro Versania, com mais de 20
participantes. Uma excelente obra com jovens de alta capacidade criativa, que
irão abastecer as páginas da literatura parnaibana por várias décadas. Academia está sensível a tudo isso e vem
dando oportunidade no seu anuário, o Almanaque da Parnaíba para esses
escritores. A APAL está ligada ao SESC, através de um convênio de cooperação
mutuo nas atividades literárias. Temos o total apoio do notável advogado
empresário Valdeci Cavalcante, que desde ano de 2017 vem garantindo a edição do
Almanaque da Parnaíba.
O Acadêmico Breno Brito,
que é publicitário e mestre em comunicação, criou o site de noticias da APAL,
que se encontra em pleno funcionamento. Por iniciativa e apoio do doutor Eider
Rios, diretor da Universidade Estadual do Piauí, UESPI, Campos Alexandre Oliveira, foi criado um
espaço para esta academia através do G. Suite, permitindo uma completa
interação de informações, utilizando as
várias ferramentas do Google, inclusive arquivo de dados e a publicação de
livros digitalizados. Para o funcionamento da academia nós tivemos o apoio
também da Universidade Federal na pessoa doutor Alex Marinho que doou para a
APAL alguns móveis, no caso mesa de computador e através da empresa Tron,
empresa pioneira na tecnologia de informática em Parnaíba, recebemos dois
microcomputadores já estão instalados, estando um deles à disposição do
acadêmico para produção de seus textos e acesso à internet, o outro é
administrativo para dar suporte ao funcionamento da biblioteca que já está
pronta e ao Memorial Humberto de Campos que já está com as portas abertas ao
público.
Sobre
o futuro
A academia hoje tem 35 sócios efetivos.
Estamos ampliando o nosso quadro de sócios correspondente em várias cidades.
Teresina, Campo Maior, Tutóia, São Luiz e Fortaleza. Temos em Teresina o
acadêmico Altevir Esteves que representa oficialmente a APAL nos eventos
naquela capital. Em Fortaleza o acadêmico Fernando Ferraz é quem tem essa
missão. Aqui em Parnaíba designamos a acadêmica Dilma para cuidar do cerimonial
e da parte das relações sociais. Na atual diretoria, temos o Gallas Pimentel
que é um grande Secretário Geral. Uma equipe muito boa, a Primeira Secretária é
a professora Christina Moraes Souza Oliveira, sendo Segunda Secretária advogada
Rosário, quem cuida da contabilidade são os tesoureiros Wilton Porto e a
professora Lígia Ferraz e a gestão da biblioteca é do Pádua Marques.
O nosso objetivo para os
próximos anos, é dar continuidade a esse
mesmo trabalho que iniciamos em 2017. Estamos fechando um convênio com a UESPI
para que alunos daquela instituição de ensino possam estagiar na nossa
academia. Estamos fechando um contrato com a prefeitura para que essa possa ceder
dois funcionários para desempenharem suas funções na nossa biblioteca e no
memorial Humberto de Campos, ambos já se
encontram abertos ao públicos, prestando um serviço gratuitos. Estamos e vamos
continuar realizando as eleições para o preenchimento das cinco cadeiras vagas.
Já estamos com um edital de eleição em vigor. Nessas eleições vamos agir de
forma aberta e democrática, tratando por igual todos os concorrentes, dando a eles,
oportunidade de ingresso na APAL, principal instituição literária da
Parnaíba. O estatuto e o regimento
interno da academia protegem aqueles que aqui residem e aqueles que aqui
nasceram com o objetivo de que a academia tenha no seu quadro pessoas que aqui vivem,
aqui residem, que aqui escrevem, fazendo a nossa literatura. Nosso objetivo é procurar executar o que
está previsto em nossas normas e fazer
uma gestão transparente principalmente nessa parte que envolve a escolha de
novos acadêmicos, sem preterir uns e sem preferir alguém especificamente,
pois são escritores e devem ser tratados
por igual.
Por: José Luiz de Carvalho
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